terça-feira, 20 de julho de 2010

DOCE MENTE


Vezes sem conta ouvimos e lemos que fulano está fazendo academia, que fulana está dançando jazz, que não sei quem está dando suas corridinhas, que a nova mania nacional é transar o corpo numa boa. Corpos dentro das medidas e bronzeados, conseguidos a custo de muito suor e pouca cerveja, ou de regimes da lua e de outros astros menos votados...
Mas raras e poucas vezes ouvimos alguém falando que está cuidando da sua mente. Pobre mente !
Quando precisamos dela vai nos servir apenas pobremente, por falta de uso estará lenta e cansada e sua colocação não será das melhores na maratona da Vida, colocando- se bem atrás de poderosos competidores, que atendem pelo nome de "depressão", "melancolia", "ansiedade", "tédio", "insatisfação", todos de fama internacional e velozes como o pensamento.
Alguém já ouviu falar por aí, que alguém anda fazendo exercícios para a mente?!
E será que tem?!
Tem!!!
Chama- se meditação, concentração, visualização e não exigem uma gota de suor, nem pistas, ginásios ou academia... e não dão distensão e não doem. Só doem quando, pelo desuso, abusamos da nossa meiga e doce mente.
Aí todos se lembram dela e vão em busca dos "preparadores físicos das mentes": os Psicólogos. Que nos veem como mágicos, que num passe sensacional devolverá a paz à santa cuquinha, para que ela leve novas cacetadas do portador.
A ginástica mental é tão salutar como a do corpo, suas exigências são mínimas para os mais sinceros preguiçosos desse esportista país.
Basta pensar fundo, procurar saídas antes das crises ou dentro delas, meditar sobre os problemas de sí e dos outros, preencher os momentos com sensações gratificantes... e sonhar por que não? Sonhar os planos, os desejos mais secretos, para materializá- los em forma de realidade bem aqui nas mãos e nos olhos.
Sendo relegada a uma condição sem expressão, o que poderemos esperar dentro de um problema ou de uma situação crítica?
Talvez a sua mente até não conheça mais você!!! Ilustre desconhecido que só lembra dela quando dói algo fundo em algum lugar dentro de sí, não se sabe onde, mas que dói, dói, e incomoda bastante.
E nenhuma radiografia vai mostrar onde é a fratura, nem exatamente onde é a dor, somente duas sensibilidades terão que ser exploradas: as certezas apenas que este caminho já foi trilhado por alguém e que tudo pode ser como antes.
A Mente não fica no cérebro tão somente, ela é dispersa por todo o ser, não pode ser detectada... mas sentida.
É responsável pelas nossas maiores emoções e pelos mais gostosos sentimentos e através dela podemos viajar, sem passaporte, para o distante passado e pelo imaginável futuro, nos transformamos em anjos, ou aventureiros do mar, voar além do imaginável... ou ser uma chuva... de estrelas. Docemente.

4 comentários:

  1. Penso como você Roberto, algumas pessoas gastam com tantas bobagens e não tem coragem de gastar um só centavo com a saúde de suas mentes.

    A mente é o grande pilar da vida humana, sem o equilibrio emocional nada funciona, tudo fica estagnado, não seremos felizes e nem faremos os outros se sentirem em paz com a nossa presença.

    Você tem toda razão, parabéns pela postagem.
    Gemária Sampaio

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  2. "Basta pensar fundo, procurar saídas antes das crises ou dentro delas, meditar sobre os problemas de sí e dos outros, preencher os momentos com sensações gratificantes... e sonhar por que não?"
    Seguirei esse conselho...
    Beijos....

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  3. "O homem começa, desde a infância, a aprender que "aprender" é sinônimo de esquecer de si mesmo e absorver os valores do ambiente em que vive, internalizando desejos e necessidades que näo lhe säo próprios, como por exemplo, a de ser amado por todos. Isto o leva a viver um processo interior de mêdo de ser abandonado, rejeitado, ridicularizado, de magoar ou ser magoado pelos outros e, o comportamento, que seria a expressäo dos valores interiores, näo mais o representa.

    Durante todo este longo processo de "aprendizagem" o homem vai perdendo o contato com o seu "eu real", buscando sempre um "eu ideal". Vai seguindo a vida acompanhado de um sentimento de incapacidade e incoerência, daí, o conflito, caracterizando a falta de "Assertividade", ou seja, o näo exercício de ser o que se é, numa clara ausência de auto-estima. Assertividade pode ser entendida como a coerência entre o agir e o sentir.

    É importante enfatizar que as crianças säo bem mais assertivas. Elas dizem que "gostam de você", com a mesma naturalidade que dizem "näo gosto de você". É a sociedade com seus conceitos e regras arbitrárias que reprime esta naturalidade, gerando mêdo, culpa e raiva.

    A sociedade nos dita regras de "certo e errado" e avalia as pessoas em escalas de "melhor e pior". Assim, "adultos säo melhores que crianças", "patröes melhores que empregados", "homens melhores que mulheres", "brancos melhores que negros", "professores melhores que alunos", "vencedores melhores que perdedores" e assim por diante, valorizando muito mais o "fazer o que esperam ou o que näo esperam de mim". Introjetam-se, entäo, cobranças e expectativas, desenvolvendo no indivíduo, a tal busca do "eu ideal", que terminam por saber o "que näo säo capazes", näo tendo entretanto, a exata consciência, do "que säo capazes", desvalorizando o que há de realmente importante nele: a ternura, o encantamento, a sensibilidade, a alegria, o romantismo, a poesia, o amor e muito mais."

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  4. Amigos. Sábias palvras que enriqueceram demais o meu texto, de tanto tempo atrás.
    Nos dizeres de vocês está toda sabedoria, que todo mundo tem, mas ás vêzes não sabe que tem.
    Palavras intensas carregadas de sabedoria e de experiência.
    Obrigado pelo presente.

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