
Dias desses, o "Show da Vida", nos brindou com a incrível estória de um chinês, que passou 31 anos internado numa instituição para deficientes mentais, pelo simples fato de não saber falar inglês e se fazer entender.
Ele havia emigrado da China para os Estados Unidos, viveu na clandestinidade até adoecer de tuberculose e ser internado. Por não saber a língua foi enviado para uma instituição, pois foi considerado louco, já que não falava intelegivelmente, apesar dos seus apelos desesperados: -"Me no crazy"(eu não louco. E assim os anos passaram para ele, "como só os anos sabem passar..."
Agora, descoberto o "engano", o governo da união americano indenizou na justiça o, injustiçado,em cerca de $300.000,00, uma nota preta em outras circunstâncias, mas será este o valor exato de uma Vida, que já se esvaiu com o passar dos anos, que teve suas melhores esperanças frustradas, seus sonhos mais acalentados, amarelecidos pelo ingrato tempo?
Certamente que não. Afinal, já se foi a feiticeira juventude, o vigor para realizar algo almejado, a confiança nos seres humanos foi dilapidada e em troca lhe deram a convivência com mentes realmente doentias, que certamente lhe acrescentaram algum mal...
Quantas angústias, quantas mágoas, não custou tudo isso ao nosso chinês, nem os olhos sem brilho dele podem nos dizer com certeza.
Mas o lado bom da estória, já que toda estória tem o lado bom, é que ele foi assistido e amado durante largo tempo por alguém, que teimava em não acreditar que aquele ser tão doce, fosse um louco.
Então anos e anos, ela saia com ele, levava- o a passear, fazia- lhe companhia simplesmente, num idioma que supera e é mais eloquente que todas as línguas juntas: a fraternidade, artigo de luxo, adormecida dentro da maioria da espécie, que responde pelo pomposo nome de ser humano...
Numa bela tarde, a moça levou o seu acompanhante até um restaurante chinês, para que ele não só matasse suas saudades gastronômicas, mas que talvez, isso propiciasse uma pista, uma pequena luz no fundo daquele túnel tão espesso.
E qual não foi a surpresa, quando o chinês conversou animadamente com o proprietário do restaurante, que era seu patrício, de forma corrente e fluente, num dialeto chinês de Cantão, uma região da China. O louco não era louco... apenas não sabia falar inglês, pecado cometido por muita gente, não é?
E quem é a "Tradutora da Felicidade", da estória?
É a moça, que não por um simples acaso, era Terapeuta, dessas interessadas, que traduziu sonhos e anseios de um estrangeiro, para uma linguagem que tocasse os corações das pessoas.
Que colocou sua ciência e seu conhecimento a valer, em benefício de um enjeitado, que antecedeu com sua sensibilidade, os frios diagnósticos, que com isso iluminou e redimiu em parte, os seus irmãos tão injustos, os que "mexem" com as ciências e as acham tão infalíveis...
P/S: Quando forem aos Estados Unidos, passem antes pelos Fisks, CCAAs, CNAs e Yazigis da vida... senão!
Afinal, não se iludam, o português é tão desconhecido, quanto o chinês ... e...